Uma pesquisa desenvolvida pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) revela que 50,1% das pessoas que se tornaram vítimas de mortes violentas no Brasil utilizaram, ao menos, uma substância psicoativa nas horas que antecederam o falecimento.

O estudo intitulado Investigação do uso de álcool e drogas ilícitas entre vítimas de mortes violentas: investigação de base populacional sobre a ligação entre o consumo de substâncias e mortes por causas externas nas cinco regiões do Brasil faz parte do Projeto Tânatos, que foi conduzido por meio de um convênio entre a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos do Ministério da Justiça e Segurança Pública e a Universidade de São Paulo (USP).

Das 4.174 amostras de sangue coletadas post mortem [após a morte] para a pesquisa, 26,7% apresentaram resultado positivo para cocaína; 26,2% para álcool; 7,2%, para benzodiazepínicos - medicamentos usados como hipnóticos e ansiolíticos; e 1,9%, para cannabis [maconha]. Uma parte dos indivíduos apresentava mais de um tipo de substância psicoativa em seu sangue. A coleta ocorreu entre fevereiro de 2022 e maio de 2024.

Vítimas
A pesquisa analisou amostras de 2.430 pessoas vítimas de homicídios, 524 de acidentes de trânsito, 330 de suicídios, 52 de intoxicações, 264 de outras causas e 601 de causas indeterminadas.

Conforme os dados, uma proporção significativa (86%) das vítimas de morte violenta eram homens, com idade média de 33 anos; 72% eram pardas; e a maioria dos falecimentos ocorreu durante a noite (51,6%) e nos fins de semana (36,3%).

O estudo ainda indica que o uso de cocaína triplicou o risco de morte por homicídio; o consumo de álcool dobrou a probabilidade de mortes em acidentes de trânsito; e os usuários de benzodiazepínicos apresentaram um risco quatro vezes maior de suicídio.

Nos casos de suicídio, 29,4% das amostras testaram positivo para álcool; 21,2% para cocaína; 20,3% para benzodiazepínicos; e 0,6% para cannabis.

Em relação aos acidentes de trânsito, a maioria das amostras foi positiva para álcool (38%); 9,9% para cocaína; e 4,4% para benzodiazepínicos; não foram encontrados registros significativos de amostras com cannabis.

Quanto aos homicídios, 36% das amostras das vítimas apresentaram resultado positivo para cocaína; 26,4% para álcool; 4,8% para benzodiazepínicos e 3,2% para cannabis.
 
Com informações da Agência Brasil

pessoas comentaram

Postagem Anterior Próxima Postagem