Agência Estado
Em debate centrado na economia e problemas internos dos
Estados Unidos, o atual presidente Barack Obama e seu rival, Mitt Romney,
fizeram o segundo debate na noite dessa terça (16). Ao contrário do primeiro
debate, onde Obama mostrou-se apático e perdeu milhares de votos, Obama partiu
para o ataque a Romney em várias ocasiões, inclusive criticou a rejeição de Mitt ao resgate da
indústria automobilística, disse que Romney investiu em empresas que exportam
empresas para China e acusou o rival de fazer politicagem na questão do ataque
norte-americano na Líbia no mês passado. Romney atacou Obama pelo desempenho
fraco da economia em seu mandato e afirmou que Obama não completou nenhum projeto
que começou e a classe média “foi esmagada” durante o mandado do democrata.
Nesse debate, os eleitores indecisos do condado de Nassau,
Estado de Nova York, foram à Universidade Hofstra fazer as perguntas aos dois.
E a preocupação que pareceu emergir do eleitorado foram os empregos e a
economia.
A primeira pergunta foi justamente de um universitário, que
perguntou como arrumará trabalho após graduado. Romney afirmou que a pergunta
era um exemplo de como a classe média norte-americana foi "esmagada"
nos últimos quatro anos. Ele prometeu criar 12 milhões de empregos se for
eleito. Para ele, um exemplo dos problemas da população é que metade dos jovens
que estão terminando a universidade neste ano não têm emprego garantido. O
republicano afirmou que ajudará os estudantes a pagar por seus estudos
superiores, mas que o principal é criar empregos para os recém-formados. Já
Obama afirma que seu governo criou 5 milhões de empregos e criará "muito
mais". Em seguida, acusou o republicano de ter sido contra o resgate da
indústria automobilística norte-americana, que segundo ele salvou em 2009 pelo
menos 1 milhão de empregos diretos.
"Romney não tem um plano com cinco pontos. Ele tem um
plano com apenas um ponto", disse Obama. "Nós levamos quatro anos
para sair dessa confusão". Obama lembrou que Romney foi contra o resgate à
General Motors e à Chrysler em 2009. Obama disse que se dependesse de Romney a
General Motors e a Chrysler teriam fechado. Ele também lembrou que Romney
fechou fábricas que usavam energias consideradas obsoletas, como termelétricas
a carvão. "Quando você foi governador de Massachusetts, se uma fábrica era
movida a carvão, você dizia: 'vamos fechá-la'", disse Obama.
"Não é verdade", afirmou Romney. "Eu vou
lutar pelo petróleo, gás e carvão. Eu vou lutar para criar energia nesse
país", rebateu Romney. O republicano disse defender a exploração de
petróleo no Alasca, inclusive offshore (na costa marítima).
Em seguida, o debate rumou para a questão fiscal. Romney,
que foi um empresário durante 25 anos, afirmou que sua experiência o ajudará a
criar empregos e reerguer a classe média, que teria sido "esmagada"
nos últimos quatro anos. Obama afirmou que seu objetivo é aumentar os impostos
dos mais ricos para equilibrar o orçamento e que a "matemática" de
Romney "não faz sentido".
Em resposta, o republicano criticou o déficit orçamentário
que os Estados Unidos enfrentam atualmente. Ele afirmou que tem experiência em
ajustar orçamentos, coisa que fez quando foi governador, quando organizou as
Olimpíadas de Inverno de Salt Lake City e durante sua vida de empresário.
"Esse é um presidente que prometeu cortar pela metade o déficit e o
déficit dobrou nos últimos quatro anos", atacou Romney.
Em seguida, a herança da era Bush foi lembrada por uma
eleitora, que questionou os dois sobre o que fariam diferente do ex-presidente
George W. Bush, que governou entre 2001 e 2009. Romney se atrapalhou. Após
certa hesitação, ele admitiu que Bush aumentou demais o déficit no orçamento do
país, mas acrescentou que a administração Obama fez ainda pior. Em outro
exemplo de coisas que faria diferente, Romney afirmou que será mais firme com a
China do que Bush. Obama atacou, dizendo que a política econômica de Romney é
idêntica à de Bush e que, se aplicada, pode levar os Estados Unidos a uma nova
crise econômica.
Depois surgiu uma questão sobre a imigração. Obama aproveitou
para atacar Romney, que tem uma proposta polêmica para a questão. "A
estratégia dele é: vamos deportar essas pessoas. Ele elogiou a lei do Arizona,
disse que ela é um modelo para os EUA", disse o presidente. Obama defende
que os imigrantes jovens que trabalham no país sejam legalizados, o que tenta
fazer através do "Dream Act" um conjunto de leis sobre a imigração
feito pelo governo no começo desse ano. Obama disse que os republicanos
travaram a discussão mais ampla sobre imigração no Congresso.
"Não elogiei a lei do Arizona. Ele (Obama) não
respondeu porque não aprovou uma legislação sobre a imigração", disse
Romney. O candidato republicano voltou a defender o que chama de
"auto-deportação", ou seja, que imigrantes que desejam partir recebam
passagens do governo para ir embora. "Vamos deixar esses 12 milhões de
ilegais terem uma escolha, se quiserem partir", disse Romney.
Política externa - A única pergunta sobre política externa
foi sobre a Líbia. Um eleitor questionou se o governo não teria dado atenção a
pedidos por mais segurança feitos por diplomatas na Líbia, antes da destruição
do Consulado dos EUA em Benghazi na noite de 11 de setembro. Obama ficou na
defensiva, enquanto Romney atacou a política inteira de Obama para o Oriente
Médio. No ataque foram mortos quatro norte-americanos mortos, entre eles o
embaixador dos EUA na Líbia, Christopher Stevens.
Obama disse que a sugestão de que qualquer "um da minha
equipe possa ter feito politicagem ou ter se enganado quando perdemos quatro
dos nossos (diplomatas) é ofensiva".
"No dia seguinte, eu estava no Jardim das Rosas e disse
a todo mundo que descobriríamos o que aconteceu, que foi um ataque terrorista.
Não se enganem, a Justiça será feita", disse Obama, lembrando o dia 12.
Romney imediatamente cortou o presidente e afirmou que a administração demorou
duas semanas para perceber que o ataque em Benghazi foi um ato terrorista, não
um protesto contra um filme anti-islâmico feito nos EUA, "A Inocência dos
Muçulmanos". Obama ficou nervoso. Romney disse que Obama não afirmou que
foi um ataque terrorista. Mas a mediadora do debate, Candy Crowley, confirmou
que Obama disse na ocasião ter sido um atentado.
"Levou um grande tempo para essa administração perceber
que aquilo foi um ataque terrorista", reafirmou Romney. "as políticas
do presidente (Obama) para o Oriente Médio começaram com uma desculpa. E hoje o
Irã está mais próximo de construir uma bomba atômica", disse Romney.
As últimas perguntas foram sobre o controle da venda de
armas de assalto, a competição da economia chinesa e as mulheres no mercado de
trabalho. Na pergunta final, "Qual é a percepção errônea que as pessoas
têm de você como homem e presidente?" Romney afirmou que é uma
"pessoa que se importa 100% com os norte-americanos", ao contrário do
que diz a campanha de Obama.
Obama disse que acredita na iniciativa privada e alfinetou o
rival, lembrando da polêmica declaração de Romney que vazou na internet, na
qual o candidato disse que 47% dos americanos "acham que são vítimas"
e não assumem responsabilidade por suas vidas. Obama disse que as pessoas que
vivem da previdência também são parte da população que faz a "América
avançar".
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